Ensaio sobre o Livre Arbítrio

[Pt-BR]

Os homens imaginam ser livres porque têm consciência das suas volições e dos seus desejos, e não pensam, nem em sonho, nas causas pelas quais se dispuseram a desejar e a querer, por não terem o menor conhecimento delas

 -Spinoza

Se temos o direito de escolher, damos o direito de ser escolhido. Logo, escolher viver com uma só pessoa é trair todas as demais. Afinal, privamos todas elas de poder nos escolher, portanto, privamos os direitos de todas elas.

-Emmerick

Às vezes eu desacredito em Livre Arbítrio. Uma pessoa pode escolher entre todas as suas informações pessoais e uma garrafinha de achocolatado; ela escolhe o achocolatado. Até aí tudo bem; nosso espaço amostral é pequeno e o sujeito pode apenas sofrer de algum retardo mental. Tentemos de novo. Quatrocentas mil pessoas podem escolher entre todas as suas informações pessoais e uma garrafinha de achocolatado; elas escolhem o achocolatado. Sinceramente, tem que ter alguma razão para isso. O achocolatado custa no máximo cinco reais (chutando alto) no supermercado. Não era uma garrafa de ouro recheada de diamante. Achocolatado Nescau. Só isso.

Essa experiência ocorreu há algum tempo em algumas universidades de nossa terra. Uma jovem com obesidade fora escolhida para distribuir formulários para os estudantes alegando retribuí-los com o Nescau. Dentre as informações pedidas, incluíam-se (mas não se limitavam a):

• RG e CPF
• Endereço
• Nome do pai e da mãe sem abreviações (e "sem abreviações" estava em negrito mesmo)
• Número de Matrícula
• Data de Nascimento
• Horários de início e fim das aulas

"Data de Nascimento" parece um tanto normal, mas o fato é que, pelo menos na UFPR, a matrícula é o login da pessoa no portal do aluno. A senha, por padrão, é a data de nascimento. Se a pessoa é burra o suficiente de preencher o formulário, ela é burra o suficiente para não trocar a senha. Deixando à mercê da gorda de "boa-índole" mais informações que podem ser acessadas através de sua conta no portal.